Como é a sua relação com seu filho adolescente?

No meu consultório recebo muitas mães e pais que se queixam da sua relação com seu filho adolescente. As queixas chegam a ser muito parecidas e uma cópia do que a sociedade costuma falar quando o assunto é adolescência. Você já percebeu que ninguém fala bem de adolescente?! Mas todo mundo tem uma história boa para lembrar da sua adolescência.

Os pais de um filho adolescente já esperam o pior dessa fase, e talvez por isso, costumam reagir de forma defensiva ao próprio filho.

A primeira coisa que costumo perguntar ao pai ou a mãe do adolescente é: Como foi a sua adolescência?

E sabe qual é a resposta quase que padrão? Na minha época não era assim! (E estou falando de pais de diferentes idades). E garanto papais, é um ledo engano!

Pois bem, depois de um tempo consigo que o pai fale sobre a sua adolescência e ao trazer a tona certas lembranças, boas ou ruins, o pai vai lembrando das dores e dos amores da sua juventude. E é isso que um pai ou uma mãe precisam para ter uma boa comunicação com seu filho adolescente.

Lembrar das angústias que viveram, lembrar dos amores arrebatadores que sentiram, das inseguranças, das vergonhas, das suas inquietações e aflições. Nós, adultos, temos a errada lembrança que a adolescência é só risada e curtição, porque temos uma tendência a lembrar somente da parte boa.

Você precisa lembrar do quão dolorido pode ser ser jovem, mas não para dar conselhos ao seu filho. Lembra que não tinha nada mais chato que receber conselho dos seus pais? Era como se isso desse a certeza que eles nunca entenderiam você de verdade. Então o que fazer??

Escute seu filho, deixe ele contar suas histórias sem você julgar, aconselhar ou criticar. Seu filho está com o coração partido? Do que adianta você dizer a ele que ele ainda terá muitos amores na vida? Se, naquele momento, ele acredita que nunca mais vai amar alguém. 

Acolha a dor do seu filho, convide-o para ver um filme, compre chocolate, sorvete, diga que você entende a dor dele. Mas para isso, para seu filho sentir essa verdade em você, é importante que você resgate essa sua dor, as suas lembranças.

Não precisa contar ao seu filho ou falar de como você superou, mas precisa lembrar de como realmente isso pode doer. E pode ser bem desconfortável, mas é necessário.

O problema dos adultos é achar que o adolescente tem que ser feliz, porque ele é jovem e não tem muito o que se preocupar ou que ainda não conhece os reais problemas da vida. Mais um engano! Porque a adolescência é sim uma fase muito difícil e conturbada da vida.

As mudanças hormonais, corporais, a difícil tarefa de se encaixar em algum padrão junto à necessidade de criar uma identidade própria e diferente de seus pais.

É bom para o seu filho adolescente fazer terapia? Sim! Mas somente se ele quiser. Porque só assim a terapia fará sentido para ele.

Mas você que é pai ou mãe, que é o adulto da relação, pode fazer terapia para não deixar que suas experiências e suas críticas falem mais alto que sua empatia. Ter as suas emoções e angústias  acolhidas em terapia, ajudam você a ter um maior controle das suas emoções e um melhor entendimento do que você projeta em seu filho e de como isso pode ser difícil para a relação de vocês.

Olhe para o seu adolescente interior com carinho e acolha seu filho nessa fase tão turbulenta, desafiadora e decisória da vida. Eu ajudo você nesse processo!